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A moça do corpo indiferente

Regina Benitez

“Se a forma dos seus escritos é pictórica, se o conteúdo surge entre o real e o onírico, não é para impor um surrealismo vulgar. A descoberta é a da sombra de um desejo, de uma literatura selvagem que usa o clichê deliciosamente — porque ironicamente: “de que vale vencer, se todos nascemos derrotados. Todos nós morremos, não é?”, é o que nos propõe em A moça do corpo indiferente. Aquela que desistiu de tudo, se apresenta em primeira pessoa com seu niilismo pós-suicida, encontrando um bando de gatos no quintal, comedores da sua própria carne. É verdade que ali, nesse mundo de seres e objetos, há um homem, como em vários contos. Um homem que se torna só uma “imagem vulgar”. As heroínas seguem perdidas, feéricas, desligadas, no meio delas surge André, o homem da Mulher com avestruz (obra-prima) que, perplexo, ajuda-nos a desligar do real.

Quem quiser ler sem se desprender do chão, custará a entender que os bichanos, sejam gatos, sejam avestruzes, são fantasmagorias como as pessoas. Que a carne humana que comem, ou as partes do corpo que permutam, são, no entanto, a parte oculta do real para a qual estamos cegos em um mundo plastificado. Sorte a nossa que podemos ler esses escritos tão vivos.”

Marcia Tiburi – Revista Cult

Peso ,210 kg
Dimensões ,8 × 12 × 14 cm