“Nos brevíssimos fragmentos que compõem o livro, o leitor encontrará ainda fábulas, provérbios, adivinhações, anedotas, filosofia e uma reflexão sobre a arte contemporânea, mais especificamente. Numa alusão à obra ‘O grande vidro’, de Marcel Duchamp, lemos no fragmento 205: “‘O grande Vrido (sic)’, diz a inscrição sob a obra após o acidente que causou alguma nova assimetria’”.
Karam faz uma série de citações a artistas, a filósofos e dialoga com obras de outros escritores, como já aponta o título do livro: Godot, a famosa personagem de Samuel Beckett, que nunca aparece na peça Esperando Godot, é, para Karam, uma árvore, talvez a árvore seca que serve de adorno ao cenário beckettiano. Karam proporia, portanto, uma nova leitura da obra de Beckett.
Os fragmentos de Karam lançam ideias, as quais, como afirma o filósofo alemão Friedrich Schlegel, ‘são pensamentos infinitos, autônomos, sempre móveis em si, divinos’. Com seus fragmentos, Karam compartilha com o leitor a tarefa de seguir com a reflexão.”
Dirce Waltrick do Amarante – Musa Rara