Novo livro do escritor Daniel Osiecki, Atmosfera das Grutas é um mergulho interno metafórico. Na tentativa de investigar perdas, a incomunicabilidade por meio de uma linguagem lírica, mas direta, o poeta explora nos poemas elementos caros em seus outros livros, como a função da linguagem literária, a realização da poesia e seu modus operandi.
Depois de algumas publicações em prosa, Osiecki retoma com Atmosfera das Grutas o registro mais simbólico do fazer literário (inclusive há menções a poetas simbolistas no livro), fazendo da passagem do tempo e de situações de alarme, de vigília, o grande leitmotiv da obra.
Como afirma Danilo Costa-Cobra Leite, “Daniel recusa o silêncio dentro da gruta. Como pode haver uma atmosfera dentro de uma gruta? Onde está a brecha que nos permitirá sobreviver enquanto não encontramos a saída? Desse modo, nesta pequena tentativa de interpretação, haveria como temáticas constantes o exorcismo da morte, do luto, do fracasso, um olhar profundo dentro do abismo”. E encerra dizendo que “Os versos de Daniel Osiecki, brancos e livres, e o ritmo típico que procura imitar a fala, nos remete a uma conversa ou monólogo consigo mesmo, dito entredentes ou diante do espelho. É nessa conversa carregada que os sons se repetem quase ao acaso, as anáforas entram como refrões ancorando o argumento dos poemas:
suspiro o último suspiro o último suspiro
o último suspiro suspiro o último suspiro suspiro
o último suspiro”.
